domingo, 1 de junho de 2008

"E a terra era sem forma e vazia: e havia trevas sobre a face do abismo; e o 'Espírito de Deus' se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas." Livro do Gênesis, Capítulo I
Não raramente, utilizamos a expressão "fechar os olhos" com a acepção de "ignorar" ou "não considerar".Independente do significado empregado, o "fechar os olhos" carrega em si a idéia de que a LUZ precede a Criação e, por que não dizer, nossa percepção do mundo e da própria realidade. A ausência de luz, comumente denominada "TREVAS", seria, por outro lado, associada a coisas como "ignorância", "desordem", "não existência".Esses conceitos encontram-se presentes em nossos arquétipos mais significativos e deles fazemos uso, mesmo sem nos dar conta. Contudo, uma abordagem mais crítica e objetiva acerca das coisas que dizemos e fazemos em nosso dia-a-dia, em nome dessas "idéias pré-concebidas", nos levaria à conclusão de que as mesmas abrigam preconceitos, erros de avaliação. Buscamos a luz e, ao mesmo tempo, nos afastamos dela!Muitos rejeitam o indivíduo de cor "negra" e, ao fazerem isto, estão, inconscientemente, admitindo a si mesmos que a cor da pele é condição necessária e suficiente para classificar alguém como "incapaz", "ignorante", "incompetente". Usam a luz para ocultar as trevas, que aqui se manifestam através da descriminação, da indiferença, da marginalização. Torna-se mais fácil, simplesmente, "fechar os olhos"Da mesma forma, não são poucos aqueles que encaram a cegueira como sendo uma condição limitadora, ou mesmo incapacitadora. A cegueira é vista sob a ótica do medo. Mantendo-se distante o indivíduo cego, procura-se afastar o receio inconsciente da "privação da luz". O conhecimento puro e objetivo que poderia advir da compreensão da realidade do indivíduo cego é, então, deixado de lado e, mais uma vez, "fecha-se os olhos".Longe de ser limitado por sua condição, o deficiente visual não deve ser visto como "uma pessoa digna de dó", "uma pessoa desafortunada", "alguém que precisa ser tutelado, assistido em todos os seus atos". Não obstante o fato de que tem necessidades especiais, o deficiente visual apresenta os mesmos sentimentos e aspirações daqueles considerados "videntes". Possui, portanto, potencial que precisa ser estimulado e trabalhado de modo a possibilitar sua integração ao mundo em que vive.Assim sendo, tendo em vista tudo o que foi exposto, as seguintes quetões poderiam ser objeto de maior estudo e reflexão:O que é a deficiência visual? Quais são seus aspectos físicos e psicológicos?Como o índivíduo constroi sua realidade enquanto deficiente visual, interagindo com o mundo que o cerca?Como o deficiente visual orienta-se no espaço à sua volta, construindo sua autonomia?Quais os direitos do deficiente visual enquanto cidadão?Como seria abordada a educação do deficiente visual?Por que meios o deficiente visual teria acesso aos meios de informação?Que aspectos envolveriam as relações afetivas com, e entre, deficientes visuais?Buscando respostas a estas indagações, procurou-se reunir nesta seção de nosso Site diversos artigos, selecionados dentre os muitos publicados ao longo das diversas edições da Revista Benjamin Constant. Estes artigos tiveram sua formatação adaptada para exibição como página da web, dentro dos padrões obedecidos pelas demais páginas deste Site.Esperamos, com esta seção, fornecer um painel o mais abrangente possível sobre a questão da cegueira e suas diversas implicações. Não temos, contudo, a pretensão de esgotar tudo o que há para ser dito sobre este tema. Estamos, portanto, aberto a novas inclusões e/ou sugestões que venham a ampliar ainda mais o nosso "OLHAR SOBRE A CEGUEIRA".Afinal, ausência de luz não significa "ausência de vida", mesmo porque a luz que mais brilha é aquela que mantemos acesa dentro de nós!
Gerson F. Ferreira - Coordenador Geral de Informática do Instituto Benjamin Constant.

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